quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Rotina no Correio?

Foto: Papo de Buteco
Na visita ao Correio, Paulo Leandro nos deixou a par dessa forma inovadora de fazer jornalismo que o impresso tenta inserir no Jornalismo baiano. Para tanto, a programação visual do veículo é um aspecto essencial para o sucesso do jornal: "Na capa, operamos com uma boa foto, uma foto aberta. Trabalhamos com a simplicidade, não queremos nos estressar com a capa, queremos uma capa simples, com três ou quatro chamadas. A gente costuma também fazer uma capa para venda avulsa, com maior apelo visual, e outra para assinantes.".

O critério para definir o material que irá na edição do dia, segundo Leandro, é a empatia com o público: "A gente é uma espécie de laboratório que tem um reagente para ver se a notícia interessa mesmo ao público.  Nossos pressupostos são o interesse do público, a veracidade, a atualidade e o inusitado. Nosso raio de alcance é medido pela empatia, nos colocamos no lugar do outro para saber o que o leitor quer ler. No trabalho, você vai desenvolvendo essa percepção do que é ou não notícia, é um processo muito humano. Aqui, nada é objetivo, tudo é muito subjetivo. Jornalismo é isso: a abstração e a angústia causada pela mesma, nada é certo, tudo é muito relativo.".

O Correio é um jornal que prioriza a cobertura local, nas palavras de Leandro, sem deixar de realizar uma abordagem do conteúdo nacional. Mais uma vez o jornalista do Correio deixa claro que a maior preocupação do jornal é o interesse do público e se um acontecimento de impacto nacional for o assunto de destaque da semana, certamente ganhará amplo espaço no Correio. Porém, Paulo Leandro deixa claro que a proposta do veículo é regionalizar a informação. Sobre a linguagem utilizada no Correio, Leandro diz que o veículo tem uma "pegada" do bom humor, da irreverência, e isso ocorre principalmente pelo fato de uma boa parcela de seus profissionais, inclusive ele, vir da área esportiva.

O jornalista também salientou a importância do Correio fazer parte de um grupo de Comunicação, pois assim pode integrar-se com as demais ramificações da Rede Bahia, como a TV Bahia e o portal iBahia: "Temos um diálogo com a TV, o rádio, a internet...O pessoal da TV lê o nosso jornal, nós sempre falamos da TV Bahia, eu sempre estou na CBN... Dá para fazer esse marketing aqui dentro, mas não um marketing no sentido pejorativo que a palavra adquiriu. Estamos vivendo um período de integração, de pós-modernidade.".

Voltando a discussão para um tema que tem sido por muitos anos o calo dos veículos de comunicação da Rede Bahia, a possível interferência de acionistas no conteúdo veiculado pelos jornais por ligações políticas ou interesses comerciais advindos de apelos dos anunciantes, Paulo Leandro foi categórico: "Tenho recebido feedbacks sobre a cobertura política do jornal e ela está de parabéns. Está satisfazendo plenamente o leitor, tendo um cuidado de dar espaço igual a todos os grupos políticos da sociedade. Temos esse cuidado até em relação as fotos publicadas. Então, para um jornal que veio de uma tradição anterior de uso de seu espaço como capital político, tornou-se um exemplo de Jornalismo e conseguiu superar essa visão anterior. Gostaria até que nosso Esporte pudesse ser tão equilibrado quanto a seção de Política, apesar de acreditar que estamos no caminho. Podemos avançar mais no esporte, acho que damos mais espaço para o tricolor, mas na cobertura política não há o que avançar. Tudo é muito equilibrado e hoje o jornal já é mais acreditado."

Para o jornalista, a liberdade profissional no Correio é plena: "Aqui a mesa é livre, é como em um jogo de Poker. Se o profissional jogar uma carta na mesa e se essa carta for aquela que deveria ser jogada naquele momento, se for uma pauta boa, nós produzimos.". Na opinião de Leandro, até mesmo a visão do público já foi modificada nesse aspecto: "Não sei se a gente tem uma pesquisa de recepção, mas os números de venda são muito bons e a gente ouve pelas ruas que o Correio está tendo uma ótima aceitação. A visão antiga que o público tinha do Correio já foi desmanchada. Eu estive em um encontro na FACOM (Faculdade de Comunicação da Bahia - UFBA) recentemente e as pessoas nem tocaram nesse assunto.".

Nenhum comentário:

Postar um comentário